domingo, 4 de fevereiro de 2018

Sobre ir às nuvens como as raízes de um jequitibá


Depois de longa temporada longe daqui, venho para falar sobre sentir o chão nos pés, bem firmes. Já dependi menos desta parte do planeta. Era mais ar, mais fluida. Brincava com o flutuar. Pra quê chão quando se tem as nuvens? Então...Hoje, o meu sonhar percorre suas léguas em estradas comuns, onde a lei da gravidade opera com perfeição.

Às vezes, a vida ou os outros nos roubam este chão. Também cometemos isto com os outros. Por melhor que tentemos ser, um dia arrancamos o solo de alguém. Parece uma fase do jogo da vida que todos temos de passar, mesmo que não queiramos machucar. E o pior: sem dó, nem piedade, ainda que sintamos muito a ponto de sangrar. Se ainda não fez isso, eu garanto que seu dia de espetar um coração chegará. E, talvez, doa mais em você que no outro. Já estive dos dois lados e, por isso, prezo tanto pelos meus pezinhos, tamanho 36, bem firmes no chão.

Outro dia entrei no mar e fui indo, indo, indo, cada vez mais adentrando. Água já no queixo e também na pontinha dos pés. Mas continuei indo. Veio uma onda e, não me pergunte por que, engoli água, salgou minhas narinas bem dentrão. Horrível. O pior de tudo foi que no pós-onda não tinha chão e nem força, nem ar para boiar, nem calma. Acenei para o amigo que estava comigo. Ele me levou com amor para onde as crianças de oito anos. Antes, pediu que eu ficasse com ele lá onde me resgatou. “Confia em mim!” Confio nele, claro!Mas confio mais em mim. Me percebi menos romântica, menos sonhadora, menos nuvens de algodão doce.


A necessidade que tenho hoje é de saber onde estou, para onde vou e com quem estou. Na dúvida, me finco feito jequitibazeiro de longa idade. Por hora, meus voos são em terra firme.

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