As idades “de rombo”, geralmente, são muito marcantes. É como se renascêssemos muito mais completamente; e todas as vezes totalmente diferentes. Pelo menos assim se passa comigo. Aconteceu aos 10, 20, 30 e agora, aos 40. Interessante...Chegados estes momentos, reflexões tão distintas. Lembro de cada olhar meu cá dentro nestes pontos finais. Quanta mudança de foco, de prioridades, interesses, gostos, opiniões. Medos adquiridos; outros perdidos até mesmo da memória.
Meu três de fevereiro ainda não chegou. O
que se abancou, antecipadamente, foram as lembranças dando início ao balanço do
caminho percorrido. Me vem à mente as alegrias da meninice se contrapondo às inúmeras vezes em que carreguei, sozinha, o mundo inteiro nas costas de mãos
dadas com o sorriso sincero para quem quisesse receber.
Penso nos carrinhos puxados pelo cordão improvisado, na brincadeira de polícia e ladrão, nas topadas de
arrancar a ponta do dedão do pé no meio da rua de calçamento, quando ainda se
podia correr com a turma sem tantos receios.
São passagens fundamentais para a
construção de quem sou. Mas quem me fez forte foram as decepções, as quedas e erros. Foi ter
experimentado o amargor da impotência;
foram os momentos difíceis, muitas vezes parecendo não ter fim, nem solução,
nem nada, nem ninguém. Acontece que o tempo me ensinou que tudo, tudo, tudo
passa. E, por isso, sei que o dia seguinte sempre poderá ser melhor e que o pensamento
positivo, aliado ao bom humor, são grandes aliados na vida. E que sorrir para
os outros é sorrir para si mesmo.
Lembro dos amigos da infância,
dos de ensino médio, da universidade e os feitos na vida, simplesmente. Agradeço a Deus pelas pessoas
maravilhosas que entraram na minha vida de forma mais constante e próxima. Algumas me acrescentaram tanto a ponto de eu jamais ser a mesma depois delas.
Não tenho riquezas, dinheiro na
conta, joias. Não. O que tenho de mais rico na vida são meus filhos, meus
amigos, minha família, minha alegria de viver, meu sorriso fácil, meu abraço, meu
amor pela música e pela dança, a certeza de que a vida é maravilhosa e que não
se deve desperdiçar nem um segundo sequer. De valioso também, o dormir em paz pela consciência
limpa dos passos dados até agora.
Ficarei cá com minhas lembranças,
pensamentos, conclusões e muita gratidão a Deus por ter me feito como sou. Da
parte de dentro, não mudaria nada. Fico até com os defeitos. São ótimos
professores. Peço ao Pai que eu nunca fique indiferente à dor alheia e que Ele
continue me iluminando e guiando como tem feito a cada segundo destes meus
quase 40 anos.