sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

Mais uma “de rombo”

As idades “de rombo”, geralmente, são muito marcantes. É como se renascêssemos muito mais completamente; e todas as vezes totalmente diferentes. Pelo menos assim se passa comigo. Aconteceu aos 10, 20, 30 e agora, aos 40.  Interessante...Chegados estes momentos, reflexões tão distintas. Lembro de cada olhar meu cá dentro nestes pontos finais. Quanta mudança de foco, de prioridades, interesses, gostos, opiniões.  Medos adquiridos; outros perdidos até mesmo da memória.

Meu três de fevereiro ainda não chegou. O que se abancou, antecipadamente, foram as lembranças dando início ao balanço do caminho percorrido. Me vem à mente as alegrias da meninice se contrapondo às inúmeras vezes em que carreguei, sozinha, o mundo inteiro nas costas de mãos dadas com o sorriso sincero para quem quisesse receber.

Penso nos carrinhos puxados pelo cordão improvisado, na brincadeira de polícia e ladrão, nas topadas de arrancar a ponta do dedão do pé no meio da rua de calçamento, quando ainda se podia correr com a turma sem tantos receios.

São passagens fundamentais para a construção de quem sou. Mas quem me fez forte foram as decepções, as quedas e erros. Foi ter experimentado o amargor da impotência; foram os momentos difíceis, muitas vezes parecendo não ter fim, nem solução, nem nada, nem ninguém. Acontece que o tempo me ensinou que tudo, tudo, tudo passa. E, por isso, sei que o dia seguinte sempre poderá ser melhor e que o pensamento positivo, aliado ao bom humor, são grandes aliados na vida. E que sorrir para os outros é sorrir para si mesmo.

Lembro dos amigos da infância, dos de ensino médio, da universidade e os feitos na vida, simplesmente. Agradeço a Deus pelas pessoas maravilhosas que entraram na minha vida de forma mais constante e próxima. Algumas me acrescentaram tanto a ponto de eu jamais ser a mesma depois delas.

Não tenho riquezas, dinheiro na conta, joias. Não. O que tenho de mais rico na vida são meus filhos, meus amigos, minha família, minha alegria de viver, meu sorriso fácil, meu abraço, meu amor pela música e pela dança, a certeza de que a vida é maravilhosa e que não se deve desperdiçar nem um segundo sequer.  De valioso também, o dormir em paz pela consciência limpa dos passos dados até agora.  

Ficarei cá com minhas lembranças, pensamentos, conclusões e muita gratidão a Deus por ter me feito como sou. Da parte de dentro, não mudaria nada. Fico até com os defeitos. São ótimos professores. Peço ao Pai que eu nunca fique indiferente à dor alheia e que Ele continue me iluminando e guiando como tem feito a cada segundo destes meus quase 40 anos.