quarta-feira, 24 de maio de 2017

Céu de estrelas na barragem


A tensão começou quando, no percurso de volta, contornamos a Ilha das Cobras,  pelas águas da barragem do Seu João. Quem me conhece sabe que não tenho medo, nem nojo. Tenho mesmo é pânico, horror! Nem sei o que deu na cabeça de Noé para colocá-las na bendita arca. E estar me aproximando daquele lugar soava como o fim da minha vida. Porém, aquele não seria o único aperreio do dia. O “pessoal lá de cima” botou mesmo foi para testar a resistência do meu coração. Mais uma vez passei! Ufa!

Eu e meu grupo, descemos do nosso barquinho no entardecer. Ficamos ali, em pé, aguardando a outra parte da equipe retornar no outro barco. Tudo de boinha! Como a lancha deles sempre ficava um pouco para trás em todo o trajeto, não estranhamos sua demora.

Deu 18h....18h 30...Chegou 19h, junto das estrelas. E como tinha estrelas naquele pedacinho de céu... Debaixo dele, cinco pessoinhas em terra firme com o coração na mão e outras sete, ninguém sabia onde. Se perdidos, submersos nas águas, se comidos pelos jacarés ou piranhas. De repente, pararam na Ilha das Cobras e foram engolidos por uma delas. Sei lá! Tudo passava por nossas cabeças criativas e aflitas.

O condutor da minha embarcação resolveu retornar à barragem e fazer uma busca naquele breu na tentativa de resgatá-los. Foi, mas não voltou! Caramba! Será que tem um sumidouro de gente? Deu 20h e nenhum sinal deste povo todo.

“Minha Nossa Senhorinha do Povo que Demora a Voltar das Barragens, faze com que estes criaturos retornem sãos e salvos”! Affff, que agonia! E comuniquei à uma pessoa da minha equipe:

_Se não chegarem em meia hora, vamos à cidade pedir ajuda!

Detalhe...Na cidade não havia corpo de bombeiros, nem barcos disponíveis para fazer buscas, nem conseguíamos uma ligação que nos ajudasse. Vi uma viatura da Polícia Militar e corri para repetir pela milésima vez a mesma história. O que me disseram? “Temos de esperar 24horas para mandar auxílio”.

_Não!Pera aí!Vocês não estão entendo! Não existe a mínima possibilidade de esperarmos 24horas para o resgate ser acionado! (Xinguei muuuuito em pensamento)

Depois de três horas sem sinal deles, eu já havia feito os contatos certos e até helicóptero já estava a caminho. Graças a Deus, a solução não tardou mais a aparecer. Soube que todos estavam bem, já a caminho do hotel e que tinham aproveitado bastante a pane seca na barragem para gastar o estoque de gargalhadas e se deleitar com o céu que também sorria para eles.


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