"Onde,afinal, é o melhor lugar do mundo?Meu palpite:dentro de um abraço...". - Martha Medeiros.
A meu ver, aperto de mão, “dar de cima”, batida de
mãos...nada disso é tão determinante para o princípio de uma boa relação como
um abraço bem dado. Pode ser uma relação de amizade, de trabalho, de amor...enfim...
Acho que o abraço serve como termômetro pra saber se a parceria vai dar certo,
seja lá em qual ramo for. Os místicos dizem que abraço é coisa séria. Que por meio
dele acontece uma troca de energia muito forte. Então é bom ficar atento quando
for trocar abraços.... Mas tendo vontade...corra!Corra pra ele!
Tenho ótimas histórias com abraços, mas uma é especial. Em
um tempo fiz amizade com um moço apaixonado por poesia, assim como eu. Assim
como eu, ele também tinha seus ensaios, seus rabiscos, um pouco de si em
métricas e rimas.
Fomos apresentados, mas depois disso nosso contato foi
apenas por telefone durante muito tempo. Sempre à noite. Ambos ocupados, manhã
e tarde. Tínhamos teorias malucas que pra nós faziam todo sentido e discutindo
sobre elas, varávamos madrugadas: eu de um lado da linha e ele do outro até
marcarmos o primeiro encontro.
Ele morava num flat e depois de meses enriquecendo a, na
época, Telepisa...convidou meio sem jeito: “Olha, o que você acha de trazer
seus escritos e eu te mostrar os meus aqui no flat”....Cri...Cri...Cri... Me
soou estranho...Pensei: “Eu ir a um flat encontrar um moço que conheço
pessoalmente,mas só tenho contato por telefone?”...Alguns longos segundos
depois, a resposta afirmativa. “Certo!Quando?”.
E no dia e horários marcados fui. Íamos trocar nossas
figurinhas no hall, mas estavam fazendo uma entrevista lá e não ficaríamos à
vontade. Ele convidou além. “Você não leva a mal se eu te convidar pra subir?Aqu
i está meio tumultuado para falarmos de poesia.”...Caracas....Aí a mulher
gelou,esquentou,gelou de novo... No meu balãozinho...“E se ele for um maníaco?E
se tiver mais alguém lá?E agora?”..... Mas a máscara de mulher mais segura do
mundo respondeu que sim. “Imagina...Vamos lá!”.
Subimos e na porta da suíte dele...antes de entrarmos...um
abraço. Nossa!Que abraço!Que encaixe!Que abraço macio. Nem sufocante, nem solto
demais. Um abraço com o aperto certo. Ele vestia uma camisa de malha inteira branca. Fechei os olhinhos pra
aguçar o sentido do tato. Lembro de respirar fundo e senti-lo. Demorou o tempo
necessário para despertar coisas em mim e nele... Até hoje lembro do cheiro
daquele momento. Lembro da altura do sol. E que outra coisa não...mas calor
tinha demais!rs. Foi o início de uma paixão que durou dois anos. Hoje continuamos
muito, muito amigos. Nos queremos muito bem.Ele não mora mais aqui, mas confesso...aquele
é o abraço que sinto saudade. Uau!